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DOR ARTICULAR CRÔNICA: AMPLIANDO O CUIDADO

Quando o assunto é dor articular crônica é comum criamos a imagem de velhinhos reclamando de dor no quadril ou no joelho, mas se engana quem pensa que este é um assunto de e para idosos. Cada vez mais cedo pessoas tem buscado ajuda para aplacar essas dores que se arrastam por meses ou anos, mesmo com uso de medicação. É uma questão com um viés genético relevante, mas que também está largamente associada com o que temos feito com o próprio corpo.

É com satisfação que observo a abertura da Medicina ocidental à tratamentos não ortodoxos, e o consequente aumento de pessoas que chegam ao consultório de acupuntura por indicação médica. Isso é incrível! Todavia gosto de pontuar que só modulação de dor não é suficiente para trazer qualidade de vida de forma duradoura. Existem outros pilares que aumentam a chance de um bom prognóstico em quadros crônicos, e irei destrinchar três deles com você hoje.


1- IDENTIFICAR E MODIFICAR os agentes altamente estressores das estruturas articulares. No embate entre remédio e repetição de movimento lesivo quem costuma perder por cansaço é o remédio. Para agravar a situação, é comum o surgimento de novas dores em outros locais por sofrerem sobrecarga de forma compensatória. É aquela velha história – Para não forçar demais um lugar que já está doendo acabamos sobrecarregando outra região e criando um novo problema. As modificações podem ser no ambiente (mudar objetos e móveis de lugar ou fazer neles adaptações pra promover uma mobilidade mais saudável); nos hábitos posturais (através de uma consciência corporal mais aguçada repensar a forma como você se movimenta, e como os seus afetos interferem nessa postura); e repensar sua atividade física, se necessário. Por mais que você ame correr no fim de semana, por exemplo, talvez esse não seja o exercício mais indicado. Não se prenda aos seus gostos habituais. Explore as possibilidades de movimento!

Lembra daquelas dores compensatórias? Massagem, acupuntura e ventosaterapia, são de grande valia na prevenção e tratamento delas, por trabalharem a favor do fluxo liberam o acúmulo de tensão e estagnação local, preservando as estruturas.


2 – ALIMENTAÇÃO: Na Medicina Tradicional Chinesa, uma boa função digestiva é indispensável na promoção e manutenção da saúde. A alimentação precisa ser considerada em qualquer plano terapêutico, visto que alimentos e ervas podem potencializar a melhora ou agravamento do quadro, mas para além do uso do terapêutico do alimento é importante investigar se você sofre de alguma ALERGIA ALIMENTAR. As alergias desencadeiam processos inflamatórios e provocam a má absorção de nutrientes, além de reduzir a capacidade regenerativa dos tecidos, algo totalmente indesejado se você já possui focos de inflamação ou sofre processos degenerativos. Caso o excesso de peso seja um vetor de stress articular, é válido cuidar da sua relação com o comer. O oposto também se aplica, pois uma alimentação restritiva prejudica a nutrição dos tecidos e atrasa a recuperação dos mesmos.


3 – FORTALECIMENTO MUSCULAR: Este pilar é o DIVISOR DE ÁGUAS de uma melhora ok, para uma melhora excelente. Não adianta fazer liberação miofascial, acupuntura, aplicação de calor, se não fortalecer. Para reduzir impacto; atrito por falta de lubrificação e etc é indispensável ter uma estrutura ao redor que proteja e compense a fragilidade do que já está comprometido. É importante ressaltar que o fortalecimento não deve ser só local. No joelho, por exemplo, há diferentes cadeias musculares envolvidas que influenciam na saúde dessa articulação. Muitas vezes a raiz do problema nem está no joelho em si e sim no quadril, numa pisada incorreta, entre outras possibilidades.

Eu sei que muitos acham que quanto menos mexer mais preservada a articulação ficará. Em quadros agudos de dor isso é válido, mas saindo dessa fase esse pensamento engana. Por que? Porque evitar a mobilidade apenas torna o corpo mais frágil e permite que não apenas seus músculos, mas também seus tendões e ligamentos se enfraqueçam. Um panorama bem desfavorável quando essas estruturas deveriam oferecer SUPORTE. Sem suporte maior tensão recairá sobre o local provocando mais impacto e mais lesão.


Evitar totalmente a mobilidade = redução garantida da longevidade daquela estrutura


fonte: Dr Rafael Vercelino


Movimentar-se é preciso, o que deve ser definido com cautela é o como, com que carga, e com qual amplitude. Essas são variantes determinantes na melhor ou piora do caso. Outro ponto importante é a progressão gradual. Nós sempre queremos resolver, num curto espaço de tempo, os nossos problemas, e não raro atropelamos o tempo do corpo e sua capacidade de recuperação. Independente do exercício que é indicado e acessível para você, é preciso ter paciência. Um quadro crônico não aparece de um dia para o outro e a melhora dele também não.

Treine em um nível APRECIÁVEL para a articulação, mesmo que isso signifique menos força e amplitude do que você estava acostumado. Ao encontrar o nível anterior à dor ou desconforto e colocar as repetições nesse nível, você pode progredir gradualmente para o próximo nível sem dor e, em seguida, para o próximo nível sem dor, e assim por diante, até que eventualmente esteja fazendo algo que originalmente parecia muito difícil, só que agora é fácil e sem dor para você! Assim você está estimulando suas habilidades, enquanto permite que seu corpo se cure.

Resumindo: não limitem o tratamento à analgesia e desinflamação local. Massagem e automassagem, acupuntura, Qi Gong, fortalecimento... tudo isso trabalha junto e à favor da mobilidade e da modulação da dor. As práticas meditativas o lazer também são bons aliados, pois atuam no sistema nervoso que está intimamente conectado com os estímulos dolorosos. Sei que a maioria das pessoas não tem condição de pagar simultaneamente várias frentes de cuidado, e sei também da dificuldade do sistema público de absorver o enorme contingente de pessoas que precisam desse tipo de atendimentos, por isso é preciso fazer escolhas, e essa escolha deve ser guiada pelo estágio de agravamento do caso somado à condição de cada um. Algo que o profissional que te acompanha deve ajudar a direcionar.

Quer uma última dica? Pesquise de forma mais profunda o seu problema. Escute profissionais, leia artigos bem qualificados e compare informações (existe muita informação duvidosa/inadequada na internet!) mas, principalmente, escute seu corpo, teste e compare movimentos e técnicas. Investigação e cura acontecem juntas!! Saúde é PRÁXIS; interesse vivo e ativo. Para o terapeuta ou médico, o seu corpo é um desconhecido, e se pra você ele também é, desenhar um caminho de tratamento é mais lento e menos rico.

 

Na página do @cuidado_itinerante você encontra vídeos e dicas de mobilidade. Nos vemos por lá!

Se cuide e até a próxima o/


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